Era a festa anual de verão da empresa e o salão estava lotado de gente de todos os tipos. Não era pra ser uma festa formal, porque o tema era Lendas e Mitos, mas o pessoal de colarinho branco conseguia deixar as coisas tensas o tempo todo. Os co-proprietários da Petals Cosméticos e Farmacêutica eram os anfitriões principais do evento, mas o rosto público da empresa, o Sr. Peter Torres, era mais apreciado. O parceiro dele quase ninguém conhecia, já que passava a maior parte do tempo na estrada, viajando pelo mundo.
"Sr. Torres, posso só dizer como esta festa está linda? Tudo parece bem organizado. Preciso que me dê os contatos do seu organizador de eventos", a Lady Carletta elogiou, olhando pra lá e pra cá.
"Ela provavelmente quer que todo mundo veja o colar de diamantes novo dela", Regina, a esposa de Peter, sussurrou pra filha mais velha, que riu na palma da mão.
"Obrigado, Carletta, mas foi a minha querida Gina que fez todo o planejamento. Talvez você devesse falar com ela sobre isso. Vou dar um tempinho pra vocês, meninas", Peter deu um leve aceno e saiu com elegância. Regina fez um biquinho pra ele e ele piscou, mostrando seu sorriso mais sexy. Ela resmungou baixinho e deu a Carletta seu melhor sorriso falso.
Os homens entravam e saíam com suas acompanhantes no braço, amantes e esposas igualmente. O tema permitia que as mulheres se vestissem com o mínimo de roupa que quisessem: decotes generosos, pernas e costas bronzeadas, cabelo descolorido e muita maquiagem. A banda ao vivo estava tocando uma melodia suave, perfeita para uma valsa lenta e o suficiente para manter as cinturas balançando.
De repente, a música parou e os olhos de todo mundo se fixaram na entrada, onde um homem charmoso estava parado, com uma modelo no braço. Olhos femininos cheios de inveja devoravam a mulher viva, que se agarrava inocentemente a ele. O homem misterioso tinha uma mecha de cabelo escuro caindo sobre o olho direito, mas seu sorriso malvado encantava toda a sala.
"Richard, que bom te ver", Peter exclamou, indo abraçá-lo, embora Richard fosse o homem maior. Richard riu em um baixo sexy e deu um tapinha nas costas de Peter de maneira fraternal.
"É bom estar de volta, Pete. Ah, minhas maneiras! Pete, essa é a Lauren, minha acompanhante, e Lauren, esse é..."
"Sr. Peter Torres. Todo mundo conhece o Sr. Peter", Lauren completou, ficando vermelha nas bochechas.
"Ai! Devo estar fora de cogitação então. Onde está a querida Gina? Vim aqui pra ver ela, não você, sua velha rabugenta."
"Ela está bem aqui", Gina se anunciou e virou a bochecha pra direita e pra esquerda pra receber beijos franceses do melhor amigo do marido. Ela deu um soco na barriga dele depois das gentilezas e ele fingiu cair de dor.
"Gina, o que eu fiz agora?", Richard perguntou, fazendo biquinho com seus lábios rosados e cheios.
"Isso é por faltar em todos os meus chás de bebê, nos aniversários dos meus filhos, no nosso 15º aniversário de casamento, no 15º aniversário da empresa... ah, meu Deus, seu canalha!" Ela se preparou pra dar outro soco nele, mas ele escapou a tempo.
"Ei, ei! Eu estou aqui agora, não estou? Vou compensar vocês de alguma forma, prometo. Agora, onde estão minhas gatinhas?", Richard perguntou, mudando de assunto. A razão por trás de sua vida na estrada só ele sabia, e era melhor assim.
¶ ¶ ¶ ¶
"Essa é a Kristin, nossa filha mais velha", Gina apresentou, radiante de orgulho por Kristin, que estava corando furiosamente.
"Prazer em finalmente te conhecer, Sr. Rossi. Faço 18 anos no mês que vem e sou uma aluna exemplar", ela explicou, muito correta e comportada. Ela era o orgulho da mãe e tinha a sabedoria do pai, diferente de...
"Linda e brilhante, uma combinação muito irresistível", Richard elogiou, beijando os nós dos dedos de Kristin. Ela jogou o cabelo loiro perfeito pra trás e foi ficar atrás da mãe. Gina estava olhando ao redor depois, seus olhos passeando entre as pessoas na pista de dança.
"Onde ela está, Krissy?", Gina perguntou.
Kristin revirou os olhos de forma irritada. "Não consegui segurá-la. Você sabe como ela é."
Peter suspirou e massageou a testa franzida com os dedos. Essa menina ia ser a morte dele.
"Desculpa, quem estamos procurando de novo?"
"Minha filha mais nova, Jacqueline, ou como gostamos de chamar, a Encrenca. Liga pra ela, Kris, por favor. Só Deus sabe o que ela está aprontando agora." Peter estava sinceramente preocupado porque Jacqueline era uma criança muito incomum. Ela nunca agia de acordo com a idade, nunca se vestia apropriadamente e sua forma favorita de diversão era fugir do seu motorista pra pegar o metrô. Ela já tinha superado todas as suas babás, mas nenhuma teve nenhum efeito sobre ela. Peter a teria mandado pra avó, mas por medo de que seu comportamento estranho levasse a mulher idosa para o túmulo mais cedo.
"Estou ligando pra ela. Vamos esperar que ela não tenha desligado como faz sempre que quer fazer alguma besteira", Kristin criticou, tocando na tela do celular. Ela riu levemente na tela: ela tinha salvo o nome de Jacqueline como Pequeno Demônio. Ela discou o número e o telefone tocou na bolsa de Gina em vez disso. Regina resmungou em frustração. Jacqueline obviamente estava em outra de suas aventuras. Ela pegou o telefone tocando e entregou para Peter.
"Ela está aprontando de novo, Pete, depois de tudo o que dissemos da última vez."
"Eu não sei de onde ela tira essa ousadia. Ela é uma menina, pelo amor de Deus, e só tem 16 anos."
De repente, Richard começou a rir, tremendo vigorosamente. "Você não sabe de onde ela tira isso? Pete, você esqueceu seus dias de loucura? Ah, quer dizer, antes de Gina dizer. Você era um louco naquela época. A garota só precisa exercitar um pouco sua liberdade. Você não pode ter dezesseis anos duas vezes, sabe."
Peter bufou em desaprovação. "Claro, você defenderia tal comportamento rebelde, sendo o vagabundo que você é."
Todo mundo deu boas risadas com as custas de Richard.
"De qualquer forma, até você conhecê-la pessoalmente, aqui está uma foto dela", Gina enfiou o celular na cara dele e ele pegou. Richard viu uma garota bonita vestida de couro preto da cabeça aos pés. Ela tinha um corte pixie, seu cabelo loiro-branco enrolado atrás das orelhas. Ela parecia uma modelo gótica, suas pernas longas e bem formadas valorizadas pelas calças de couro justas que ela usava. Sua máscara chamou a atenção para seus olhos quase transparentes. Ela era... naturalmente magnífica, totalmente o oposto de Kristin, que era elegante, mas parecia irreal.
"Hmm, você tem filhas lindas, Gina. Sou grato que os genes ruins de Pete não tenham afetado nenhuma delas", Richard brincou e a risada ecoou novamente.