A mão calejada dele acaricia a perna dela, quase sem tocar, seguindo a curva da coxa, devagar e com certeza. O dedo indicador sobe, sobe, até chegar no meio molhado dela e encontrar as dobrinhas antes de parar. Ela sente que ele tá hesitante, mas incentiva com um sorriso, olhando nos olhos azuis dele, tipo oceano. Pegando a mão dele, ela pede pra ele ir em frente e, assim que sente o dedo grandão dele entrar nela, ela acorda.
"Merda!" Kaitlyn exclama, esfregando os olhos pra tirar o sono. Ela se pergunta por que sempre tem esses sonhos, mas eles nunca acabam. Normalmente, ela vai mais longe, e às vezes até parecem reais.
Levantando, ela percebe a hora. "Droga! Estou muito atrasada." Ela murmura pra si mesma, tentando desenrolar as pernas dos lençóis de algodão egípcio, macios. A única coisa boa que ela se permitiu uns meses atrás, quando estava pra baixo.
Na época, o Namorado dela tinha acabado de largá-la depois que ela descobriu que ele estava traindo. Então, ela decidiu ir na Branigan's e comprar. Certamente foi meio caro pro orçamento dela, mas 'foda-se'. Ela pensou. Afinal, ela tinha acabado de perder o que achava, na época, ser o "amor da vida dela".
Escorregando de baixo deles, ela corre pra se vestir e pula o banho. Mas, antes de sair correndo pela porta, pega uma xícara de café frio e um donut velho. Quando chega no carro, coloca o donut e a xícara de café em cima do carro e enfia a mão no bolso pra achar as chaves.
Ela tira as chaves e quase deixa cair no chão. "Só podia ser." Ela murmura pra si mesma, destravando o carro e quase esquece do donut e do café, que estavam lá em cima, meio que pendurados no teto. Quando ela coloca o cinto e liga o carro, toma um gole e quase vomita. Engraçado, ela não lembrava do café ter um gosto tão ruim ontem.
Dando uma volta na rua, ela abre a janela e joga fora, quase pegando o carro da polícia que estava estacionado na garagem mais próxima quando ela passa. Quando ouve a sirene atrás dela, percebe que estava correndo. "Nossa. O que mais pode acontecer hoje de manhã?" Ela murmura, revirando os olhos e parando.
Um Oficial da melhor polícia de Midland, Michigan, chega perto da janela aberta dela e pergunta, "Senhorita, sabia que estava 10 acima do limite de velocidade?" Ela olha pra ele por um segundo e percebe que ele é bonitinho.
Observando o corpo dele, ela decide que, numa escala de 1 a 10, ele é um 8 e meio, com o cabelo longo, cor de castanho, e a pele clara com um toque de bronzeado de verão começando. O corpo dele, pra um cara mais alto, é bem definido e os olhos azuis são demais. Ela não consegue ver o resto porque o uniforme não serve muito bem nele.
Olhando pra cima de novo, os olhos azuis olham pra ela, esperando, e a boca dela se abre, mas nenhuma palavra sai. Em vez disso, ela começa a chorar e vira o rosto pra esconder as lágrimas. Ele coloca a mão no ombro dela, com cuidado, e diz baixinho, "Você está bem? Não é tão ruim assim."
Ela vira pra encarar ele de frente e, pelas lágrimas, consegue dizer, "Já tive uma manhã ruim. Acordei atrasada porque o alarme não tocou e agora estou atrasada pro trabalho. Meu chefe vai me demitir assim que eu entrar na porta." Piscando os cílios, ela continua, "Oficial, desculpa, não estava prestando tanta atenção na velocidade como deveria."
Ele olha pra ela com carinho e sorri. "Senhorita, estou disposto a esquecer que te vi hoje de manhã se você colocar um sorriso nesse rosto e se animar. Tenho certeza que não é tão ruim quanto você pensa. Afinal, você me conheceu."
"Na verdade, é só mais um dia numa sequência de dias ruins que estou tendo. Parece que minha sorte tem estado meio em baixa ultimamente, mas sua gentileza me mostrou que nem todos os homens são completos babacas." Ela diz, enquanto os lábios esboçam um sorriso.
Olhando pela janela da frente, ela percebe que vai chover. "Só podia ser! Parece que vai cair um dilúvio." Ela fecha a boca antes que ele decida mudar de ideia.
Ele tem uma ideia quando olha pra ela de cima a baixo e percebe como ela é bonita, porque a pele clara com o cabelo loiro e os olhos avelã amigáveis dão vontade de entrar no banco de trás com ela. Enquanto ele olha pra ela, pensa consigo mesmo: 'Ela parece ter só 1,65m. Ela pode caber fácil no banco de trás e aí a gente vê se a fenda dela é tão macia quanto meu travesseiro.'
"Senhorita, qual é o seu nome, se posso perguntar?" Ele olha pra ela com os olhos azuis gentis e depois desvia o olhar pra relâmpago.
"Meu nome é Kaitlyn Randall. Preciso te dar minha carteira e o registro?" Ele volta pra ela e admite pra si mesmo que não consegue parar de pensar em entrar agora e descobrir se ele está certo, afinal.
"Não, Kaitlyn. Só quero pedir seu número de telefone. Meu nome é Jon." Ele oferece a mão pra cumprimentar e continua, sorrindo, 'É um prazer te conhecer." Começando a corar, ele espera que ela dê.
"Claro. Posso pegar seu número e te mando uma mensagem rapidinho? Você pode pegar e salvar nos seus contatos." Ela espera que ele responda.
"Sim, sem problemas."
Enquanto ele dá, ela digita e manda um "oi" numa mensagem e depois clica em enviar. O rosto dele se ilumina quando o telefone começa a vibrar. Pegando rápido antes que o raio caia de novo, ele digita "oi" de volta e envia.
"Demais. Valeu, Kaitlyn, pelo número. Se importa se eu te mandar uma mensagem depois pra um encontro nesse fim de semana?" Ele parece extremamente desconfortável enquanto espera a resposta dela.
"Sim, sem problemas. Estou ansiosa, mas vai me dar uma multa? Se não, é bom se apressar porque parece que vai ficar bem perigoso lá fora."
Ele olha pro raio e depois pra ela. "Claro que não. Não posso te dar uma multa depois da manhã que você teve. Considere isso um aviso e, por favor, tenha mais cuidado." Ele sorri de orelha a orelha e depois acena, dizendo adeus.
Ela lambe os lábios e suspira antes de responder, "Muito obrigada. Esse dia está começando a melhorar, afinal. Não é todo dia que um cara bonitão me para, depois pede meu número de telefone sem me dar uma multa. Muito obrigada de novo."
"Sem problemas. Só peço que você me responda hoje à noite, ok?" Esperando ela responder, ele começa a andar de um lado pro outro e, quando ela concorda, ele sorri pra ela.
Acenando pra ela, ele corre de volta pro carro dele quando o raio cai perigosamente perto. Sentindo alívio por ele ter ido embora e um pouco animada por ele ter pedido o número dela, ela senta no banco e liga o carro. Acenando quando ele sai e passa por ela, ela fica lá por um momento pra se recompor antes de voltar pro trânsito. Quando chega no trabalho, está duas horas atrasada e vai, quietinha, pra mesa dela.
"Sra. Randall, parece que temos um problema de comunicação. Posso te ver na minha sala?" Sr. Cohen pergunta, parando e olhando desaprovadoramente pra ela.
"Sim, senhor. Só me deixe colocar minhas coisas na gaveta primeiro, por favor."
Ela começa a abrir a gaveta quando ele se vira e informa, "Não é necessário, você não vai ficar. Agora, por favor, me siga pra minha sala." Naquele momento ela sabe que acabou, então o segue pra sala dele, onde se senta em uma das cadeiras de couro.
"Agora, Sra. Randall. Como você sabe, já disse repetidamente pra não se atrasar. Hoje é a gota d'água e não quero ouvir desculpas. Estou te dando seu último cheque e o pacote de rescisão. Por favor, pegue isso e encontre uma saída do prédio depois de pegar suas coisas na sua mesa." Ele entrega um envelope pra ela.
Ela fica lá com uma expressão vazia no rosto, entrando em pânico. "Sra. Randall, você me ouviu? Já acabou, pode ir embora."
Ela olha pra cima e vê um sorriso no rosto dele. Quando o sorriso feio dele deixa um gosto ruim na boca dela, ela quase fala alguma coisa, mas decide não fazer isso. "Obrigada, Sr. Cohen. Foi bom trabalhar com você." Com isso, ela se levanta e sai da sala.
De volta à mesa dela, ela pega suas coisas e depois se despede dos colegas de trabalho. "Janet, vou sentir muito sua falta. Você fez o trabalho aqui ser uma experiência divertida pra mim. Sinto muito que não nos conhecemos mais. Talvez, às vezes, você possa me ligar e a gente pode sair." Kaitlyn coloca a mão no ombro de Janet e, em seguida, ela se vira e dá um abraço em Kaitlyn. Depois que as lágrimas se formam nos olhos dela, ela retribui o abraço e diz adeus.