Ainda tava com sono quando ouvi a porta do meu quarto abrir, mas fingi que tava dormindo. “Acorda, Nyla, seu Pai mandou te chamar.” Alguém falou. Abracei meu ursinho de pelúcia, ainda querendo continuar na minha encenação até que me cutucaram pra acordar. Era minha babá. Bom dia, Malia, falei pra ela, me espreguiçando na cama.
Não tava a fim de levantar, sabe? Fui pro banheiro, meio lerda, pra dar uma geral. Fui pra minha mesinha ver meu peixe. “Oi, Priscilla, tudo bem com você?”, falei pro peixe, tipo, esperando que ele respondesse, que nem uma idiota.
A Priscilla era um peixe dourado que meu avô me deu quando eu tinha dez anos, antes dele falecer. Ele me deu de presente como um pedido de desculpas por não me deixar pescar com ele no rio. Eu amo muito a Priscilla porque ela sempre me lembra da minha relação com meu avô.
“Feliz aniversário, Nyla!”, disse Malia, enquanto eu ia regar a planta no meu quarto. Essa planta sempre me dava esperança de que existe uma segunda chance pra tudo. “Ah! Hoje é meu aniversário, valeu, querida”, falei enquanto molhava a planta.
Toquei na única folha que sobrou da planta, me garantindo que um dia ela ia virar uma planta linda. Desci as escadas pra responder pro meu Pai, e aí, PUFF!, bati meu dedinho na escada. Ai! Gritei. “Desculpa, querida”, Malia falou pra mim. “Valeu, da próxima vez vou ter que ser mais cuidadosa”, falei pra Malia.
Enquanto eu mancava escada abaixo, senti o cheiro de omelete. “Olha quem faz 17 hoje!”, disse minha Mãe, sorrindo pra mim, me alcançando e me dando um beijo na cabeça. Bom dia, Mãe e Pai. “Senta aqui, querida, vamos tomar café da manhã juntos”, disse meu Pai, sorrindo. Puxei uma cadeira e sentei do lado do meu pai. “Sua mãe preparou o café da manhã hoje e fez o seu favorito porque hoje é um dia especial pra você, meu amor.”
“Awn, valeu, Mãe!” Mal podia esperar pra minha mãe me servir. Enchi a boca com duas colheradas de omelete do meu pai. “Devagar, Nyla, antes que você se engasgue”, disse o Pai, e todo mundo riu.
Enquanto a Mãe tava me servindo, ouvi uma notícia boa, mas que não me deixou tão feliz. “Seu pai prometeu te mandar pra Chicago depois do ensino médio. Você já tá crescida, meu amor, pra cuidar dos negócios do seu pai por lá”, disse minha Mãe.
Tava feliz, mas decepcionada também, porque eu mal tenho 17 anos, não sei nada sobre cuidar dos negócios enormes do meu pai. Tenho que terminar a faculdade antes de tudo isso, e por que meus irmãos não podem cuidar dos negócios dele?
“Mas, Pai, por que o Fabian não pode cuidar dos seus negócios?”, perguntei curiosa. “Porque ele não pode, querida”, disse meu Pai, tomando um gole de café. “E o Chris, Pai?” “Eu ia à falência se deixasse os negócios pro Chris. Ele ia gastar tudo com aquela namorada dele.”
“Escuta, Nyla, seus irmãos não são páreo pra você pra cuidar dessas coisas, querida. Come logo”, disse meu Pai, dando um tapinha na minha cabeça. Olhei pra minha Mãe. “Não se atrase pra escola, Nyla”, ela disse, enquanto saía da mesa de jantar.
Comi correndo, tomei meu copo de leite. “Valeu, Pai”, falei e subi correndo pra me arrumar pra escola. Malia já tinha deixado o uniforme pronto, mas trouxe o errado. “Seus irmãos estão voltando amanhã”, disse Malia, sorrindo.
Olhei pra ela com uma cara séria e fui pro banheiro tomar banho. Não falei nada, só conseguia pensar quando ela me pregou uma peça sobre meus irmãos voltarem, tipo, uma semana atrás. Aí, eu limpei a casa toda pra recebê-los, mas não vi ninguém.
“Troca esse uniforme, você trouxe o errado”, gritei do banheiro. Não quero acreditar nela porque ela sempre apronta comigo. “Não vou cair nessa”, murmurei pra mim mesma.
Me arrumei e desci, sentei no sofá esperando o ônibus da escola antes do meu pai jogar a chave do carro pra mim. Ele me desejou feliz aniversário, me alcançou e me deu um beijo na cabeça.
Tava tão feliz, porque era o que eu mais queria, ter um carro. Abracei meu pai e agradeci muito. Corri pra fora pra ver meu carro novo. Era uma caminhonete Lamborghini e tinha a minha cor favorita. Voltei correndo pra dentro e pulei nele, dei um beijo nele e agradeci de novo.
Tava tão feliz, quando meus pés tocaram no chão, um cara bonitão veio na nossa direção. “Esse é seu motorista, Nyla”, disse meu Pai. “Sou Kelvin”, disse o cara e fez uma reverência. Corri pra fora pra ver meu carro de novo, mas o Pai me chamou de volta e disse: “Dá a chave do carro pro Kelvin e vem comigo.” Fiz o que ele mandou.
Segui ele até o porão, tudo escuro. Não tinha nada a temer porque sei que meu pai me protege. Chegando na porta, meu pai alcançou a porta, e as impressões digitais dele a destrancaram, e as luzes acenderam também.
O que eu vi foi o menos que eu esperava que meu pai me mostrasse, fiquei surpresa, meu humor mudou. “Você vai cuidar de tudo isso, Nyla. Eu espero que você tenha confiança em si mesma. Quero que você seja a melhor e que tire o melhor de você em tudo que você faz, meu amor”, disse meu Pai, com uma cara séria. Ele me levou pra uma caixa.
“Abre, Nyla.” Meu coração começou a disparar, porque não sei o que mais posso ver. Abri a caixa, e minha mandíbula caiu porque nunca soube pra que servem todas aquelas coisas. Na caixa, tinham muitas armas que eu nunca tinha visto na vida, nem esperava que estivessem na nossa casa.
Olhei pro meu pai e perguntei: “Pra que servem todas essas coisas, Pai?” Ele deu uma olhada no relógio. “Nyla, não temos tempo, é hora de crescer rápido... Você vai se atrasar pra escola”, ele disse, enquanto afagava meu cabelo.