No desertozaço sem fim, tinha um pontinho preto deitado numa duna de areia.
**Edward** bateu no controle no pulso dele, “Que droga! Por que quebra logo agora?”
Com um beep, a IA inteligente do controle voltou a ficar online.
“Ativar modo camuflagem.”
Seguindo o comando da voz dele, a capa nas costas dele começou a mudar de cor e finalmente se misturou com a duna de areia. Como um agente especial top, ele tava na missão de número 210 desde que entrou pro exército rebelde. Toda vez, ele se infiltrava no território inimigo sozinho, e toda vez, ele completava a missão com sucesso.
“Cadê o comboio?” ele falou enquanto pegava um telescópio potente e olhava pro horizonte. A missão dele dessa vez era acabar com o veículo de comando de um regimento Imperial reforçado.
“Susurrus... Eles saíram faz duas horas. Segundo os cálculos, eles ainda estão a uns setenta quilômetros da região de Kambold.” Uma voz meio estranha veio pelo fone.
“Isso quer dizer que o enxame tá chegando logo.” Ele disse e levantou o telescópio pra aumentar a ampliação.
A distância, uns objetos voadores espalhados tavam voando na direção dele. Essas coisas pequenas, do tamanho da palma da mão, parecidas com flechas, eram do Tipo II do Enxame. Elas voavam rápido e tinham capacidades de detecção poderosas. Principalmente nas dunas de areia peladas, qualquer movimento leve ia ser detectado por elas.
Mesmo não tendo poder de ataque, com os ataques precisos da força terrestre, elas ainda eram o pior pesadelo pros guerrilheiros rebeldes. Muitas vezes, depois que o enxame passava, a chuva de fogo pesada dos obuseiros vinha logo atrás.
Mas **Edward** não tava nem um pouco preocupado. Ele tava equipado com a melhor capa de camuflagem individual. Essa capa era feita de um monte de materiais que pareciam escamas de peixe. Sob o controle da IA inteligente, ela conseguia se misturar completamente com a areia em volta. Mesmo que ele estivesse na frente do inimigo, ele não ia ser distinguível.
“Susurrus... A interferência do sinal na região de Kambold tá ficando mais forte. A comunicação tá quase... Susurrus... Agente especial... Desejo que você...”
“Que eu tenha sorte.” Ele terminou as palavras inacabadas no comunicador e olhou pro céu.
Uma estrela anormal tava brilhando mesmo durante o dia. Ele sabia que era a nave de guerra Imperial Marceau em órbita síncrona.
Três anos atrás, o Estado Estelar de Dossas, que tinha acabado de se tornar independente, foi atacado pelo Império sem declaração de guerra. A frota foi destruída. De lá pra cá, a comunicação do exército rebelde tinha sido totalmente suprimida.
No começo da guerra, o exército rebelde foi recuando aos poucos. Mesmo assim, depois de três anos de luta dura e da aplicação bem-sucedida do ambiente e das táticas, o exército rebelde conseguiu alguns resultados e finalmente lançou um contra-ataque em grande escala.
“Vocês não têm muitos dias sobrando.” **Edward** murmurou enquanto olhava pro enxame chegando na distância. Aí ele abaixou a cabeça e enterrou o rosto na sombra da capa, evitando a reconhecimento do enxame que tava chegando.
Na sombra da capa, ele enfiou a mão na areia e pegou o rifle eletromagnético que tava enterrado lá dentro. Essa arma foi um presente de aniversário que o pai adotivo dele deu pra ele no aniversário de dezesseis anos. Também era uma das poucas coisas de alta tecnologia que o pai adotivo dele, que era o líder do exército rebelde, conseguia dar pro filho dele.
Naquela época, ele não gostava, até que ele atirou a primeira vez.
Naquela época, ele foi pra uma vila pra entregar uma mensagem pros comandantes rebeldes de lá pro pai adotivo dele.
Mas quando ele chegou, o exército Imperial já tinha ocupado a vila. Vários soldados tavam queimando, matando e saqueando na vila. Os velhos, fracos, mulheres e crianças na vila já tavam jogados num mar de sangue.
Aqueles soldados Imperiais tavam reunidos em volta de uma fogueira não muito longe dali, cozinhando e conversando e rindo de alguma coisa.
Ele se escondeu no escuro, com o coração queimando de raiva. Ele levantou o rifle eletromagnético e apertou forte o gatilho naqueles soldados Imperiais despreparados.
Sessenta balas num carregador foram esvaziadas num instante. Olhando pro alarme do carregador vazio que não parava de piscar na arma, ele caiu em si e soltou o dedo. Ele correu pra frente, pegou uma pedra e socou os inimigos moribundos.
Ele não parou até que todos aqueles soldados Imperiais ficassem imóveis. Aí ele sentou no chão, respirando pesado. O prazer da vingança fez ele tremer incontrolavelmente.
Um zumbido fraco trouxe ele de volta da memória dele. Ele sabia que o dispositivo de reconhecimento do enxame tinha acabado de passar voando.
**Edward** levantou a cabeça e olhou pro comboio chegando pelo telescópio. O logo do Regimento Imperial Lynx tava bem visível na carroceria do veículo.
Esse tipo de veículo de transporte de tropas era enorme e flutuava mais ou menos meio metro acima do chão enquanto se movia pra frente. A armadura deles era grossa. Sem falar num rifle eletromagnético, até alguns obuseiros individuais não conseguiam fazer nada com eles.
Mas ele não tava nem um pouco preocupado. Ele tinha umas balas de informação especiais na mão.
Essas balas foram fornecidas pelo departamento de pesquisa. As ogivas tavam cheias de feromônios que conseguiam deixar os bichos-da-areia lá no fundo das dunas de areia doidos.
Aqueles bichos-da-areia fêmeas adultas conseguiam ter vinte metros de comprimento. As bocas enormes e duras delas conseguiam até morder um veículo de transporte de tropas de uma vez. Os corpos delas eram cobertos de escamas, e a dureza delas conseguia resistir aos tiros dos rifles eletromagnéticos até certo ponto.
Aqueles monstros enormes também tinham um olfato extremamente sensível e conseguiam distinguir presas a dez quilômetros de distância. Eles nadavam muito rápido na areia, e aqueles veículos de transporte de tropas enormes não conseguiam escapar deles.
Eles também tinham um senso de vingança forte e não mostravam piedade pros invasores que destruíam as larvas ou ovos deles.
A última vez, **Edward** foi pro covil dos bichos-da-areia pra procurar esses ovos pra coletar as matérias-primas dos feromônios pro departamento de pesquisa. Inesperadamente, ele foi descoberto no local.
Durante a corrida frenética dele, ele acidentalmente quebrou um ovo, o que atraiu vários bichos-da-areia pra correr atrás dele por dezenas de quilômetros. Se a moto voadora não tivesse sido muito rápida, ele já teria morrido na boca dos bichos-da-areia há muito tempo.
Ele cavou a arma eletromagnética de sniper da areia na frente dele, ajustou, colocou na duna de areia, tirou cinco balas verdes do bolso no peito dele e colocou na câmara da arma uma por uma. As balas de informação eram preciosas. Ele tinha que acertar o alvo a uma distância de cinco quilômetros.
Olhando pro comboio de transporte de tropas Imperial passando pela mira, ele cuspiu pro lado, “Vou te poupar dessa vez.”
Ele mirou a mira no veículo de comando na traseira do comboio e fez a calibração final, esperando o alvo entrar na área.
Ele não entendeu as instruções dadas pelo comandante. Por que deixar o Regimento Lynx passar e só acabar com o veículo de comando?
Uma ordem era uma ordem. Ele expulsou esses pensamentos desnecessários da cabeça dele, segurou a respiração e puxou o gatilho cinco vezes. Aí ele viu claramente quatro pontos verdes aparecerem na carroceria preta do veículo onde foi atingido.
“Peguei.”
Ele não se importou com a bala que ele não sabia onde tinha acertado porque ele sabia que acertar uma era o suficiente.
Ele puxou a arma eletromagnética de volta e enterrou rápido. Ele também deitou de bruços na areia, imóvel, tentando evitar a reconhecimento do enxame que tava chegando. Dessa vez, a direção do tiro dele deve ter sido exposta. Contanto que ele não fosse detectado pelo enxame, ele podia recuar ileso.
Dentro do compartimento do veículo de comando, um rapaz com a farda de tenente-coronel Imperial franziu a testa enquanto olhava pras duas setas vermelhas, uma na esquerda e uma na direita, se movendo pro sul no mapa de batalha.
“Tenente-Coronel **Alphonse**, você não precisa se preocupar. Contanto que o Regimento Urso de Batalha e meu Regimento Lynx cheguem às posições designadas no tempo, eles vão formar uma pinça com os defensores em Rilda e cercar o exército rebelde.
A vitória pertence ao Império!” O **Major** fez a saudação depois de falar.
Ele sabia que Rilda era uma cunha que tinha avançado na área controlada pelos rebeldes e era de grande importância estratégica por causa do terreno alto dela.
De qualquer jeito, não podia ser tomada pelo inimigo. Os avanços à esquerda e à direita dos dois regimentos reforçados no campo de batalha conseguiam aliviar o cerco de Rilda e cercar o exército rebelde.
Mas os dados no mapa de batalha ainda deixavam ele um pouco preocupado.
“Não é disso que eu tô preocupado, **Major**.” Ele apontou pro local atacado marcado no mapa de batalha e falou, “Oito em cada dez vezes, nossos comboios de suprimentos logísticos enviados pra Rilda foram atacados por bichos-da-areia. Essa frequência não tá muito alta?”
“Tenente-Coronel, essa época é a época de reprodução dos bichos-da-areia. Os bichos-da-areia são muito agressivos nessa época. A gente tentou mudar a rota, mas não teve efeito.” O **Major** falou, mas no coração dele, ele tava cheio de desprezo por esse superior de vinte anos.
“Tem alguma notícia nova do sistema de vigilância na nave espacial?” **Alphonse** perguntou enquanto acendia um cigarro.
A nave de guerra Somma em órbita síncrona tava monitorando a área que o poder do exército Imperial tava diminuindo o tempo todo. Ele não conseguia entender por que sempre tinha exércitos rebeldes aparecendo de repente em locais estratégicos pra lançar ataques neles.
“Não foram detectados movimentos militares em larga escala do exército rebelde.” O **Major** falou indiferente.
“Algo tá estranho.” **Alphonse** soltou uma baforada de fumaça, como se quisesse expulsar a preocupação do coração dele também.
“Relatório! Veio notícia do Regimento Urso de Batalha. Eles foram atacados por um monte de bichos-da-areia.” O comunicador falou.
“Qual é a situação das perdas?” **Alphonse** sentou.
“Setenta e cinco pessoas ficaram feridas e trinta e uma foram mortas. Os veículos foram severamente danificados.” O comunicador leu o relatório de batalha com a cabeça baixa.
“Isso não é bom!” **Alphonse** cruzou as pernas e caiu em pensamento.
O **Major** abriu a janela do carro pra deixar a fumaça sair.
“Tenente-Coronel, você não precisa ficar tão preocupado.
A quantidade do exército rebelde é de só uns três mil. Os defensores em Rilda são só setecentos. Eles só ousam cercar, mas não atacar.