O tempo em abril é tipo morninho, sabe? Começa quente e frio ao mesmo tempo. Já deu tchau pro frio do inverno, mas ainda não chegou aquele calorzão do verão. Tá tudo brotando verde por tudo que é canto, com um monte de florzinhas selvagens nas montanhas. É mó lindo.
Logo depois do Festival de Qingming, o cemitério em Nanshan voltou pra calma, depois que todo mundo foi lá fazer as visitas.
Só que lá no topo do cemitério, do lado do cemitério mais caro, tava rolando um babado entre um cara e uma mina que quebrou a paz.
Milla Andini tava de joelhos no chão, mordendo os lábios com força pra aguentar o Anthony Sinisuka por trás, e o corpo dela tremia toda hora.
Aquela carinha linda tinha perdido a cor no vento frio, e os olhos dela pareciam que iam fechar, tipo, parecia que ela ia desmaiar no próximo segundo.
Na real, se as mãos do Anthony Sinisuka não tivessem segurando a cintura dela, ela não ia aguentar.
Eles tavam fazendo a parada mais íntima, mas a Milla Andini não conseguia sentir felicidade nenhuma.
Seja no físico ou no psicológico, tudo que ela sentia era uma dor sem fim.
Na lápide na frente, a melhor amiga dela, Vita Marisa, sorria toda feliz. Ela ainda era a mesma da faculdade, tão pura e inocente.
Vendo o sorriso doce da Vita Marisa, a Mira Andini deixou as lágrimas rolarem e apertou os lábios com mais força pra não deixar escapar nenhum sussurro, com medo de atrapalhar a paz da falecida.
Mas, tipo, fazer essa parada ali era uma blasfêmia, saca?
Será que ela ia se perdoar? A Mira Andini olhou pras fotos que tavam ficando borradas na frente dos olhos dela, e a mente dela não parava de lembrar do acidente daquele ano.
Se não fosse por aquele acidente, a Vita Marisa não teria parado no tempo com a beleza dela, e nem teria começado essa treta entre ela e o Anthony Sinisuka...
"Vita Marisa... Vita Marisa..."
Quando o Anthony Sinisuka tava no ápice da emoção, ele não conseguia evitar de chamar o nome da Vita Marisa, como se a pessoa embaixo dele fosse a mina que ele amou por uns bons anos.
Só nessa hora ele diminuía os movimentos e fazia a Milla Andini sentir um pouquinho de prazer.
Mas qual é a graça disso pra quem já morreu?
A Milla Andini sentia o corpo esquentando, mas o coração dela tava cada vez mais doendo e gelado.
Vergonha, dor, humilhação... Um monte de sentimentos eram tipo um buraco negro, puxando a Milla Andini pro centro. Ela encolheu o corpo toda tremendo, e essa parada instintiva agradou o Anthony Sinisuka, que tava atacando com tudo.
Antes de chegar no ápice, o Anthony Sinisuka tirou a arma do crime e jogou o líquido quente nas costas dele, que estavam nuas.
A temperatura pegando fogo fez a pele delicada e o corpo dela tremerem, e quando a mão grandona dele soltou, ela caiu no chão mole.
A Mira Andini cobriu o corpo com as roupas que estavam jogadas do lado dela, e olhou pro Anthony Sinisuka, que tava com a roupa toda arrumadinha. Tinha uma fixação escondida nos olhos dele.
Sim, por mais que ela fosse odiada pelo Anthony Sinisuka, ela não conseguia parar de amar esse cara.
Que vadia!
Só que a fixação nos olhos dela não escapou dos olhos do Anthony Sinisuka. Em vez de acalmar ele, os olhos de amor despertaram o ódio dele!
Essa mulher...
Essa mulher!
Se não fosse por ela, a Vita Marisa não teria morrido!
Se não fosse por ela, agora ele e a Vita Marisa teriam filhos, e os três iam ser muito felizes!
Como ela ousa olhar pra ele daquele jeito?!?
"Por que você não morreu? Milla Andini! Por quê!"
A cara calma do Anthony Sinisuka, tipo uma fera louca mordendo a presa, agarrou o pescoço da Milla Andini com força.
Ela sentiu o oxigênio sumindo dos pulmões dela aos poucos.
Ela não queria morrer, mas colocou a mão no pulso do Anthony Sinisuka e soltou quando sentiu as veias saltando.
Nos anos desde que a Vita Marisa foi embora, a treta dela com o Anthony Sinisuka tinha ido fundo, e nunca ia ter fim, a menos que um dos dois morresse.
Os próprios pecados dela nunca iam ser perdoados.
Igual o amor dela pelo Anthony Sinisuka, que nunca ia ter uma resposta.
O ciclo ruim entre eles só ia libertar o Anthony Sinisuka com a morte dela, e ela ia ajudar.
Tremendo os lábios, a Milla Andini pediu desculpas pro Anthony Sinisuka com a boca, e foi caindo na escuridão.
O Anthony Sinisuka olhou pra Milla Andini, que não tava mais se mexendo. Um toque de frieza passou pela cara dele e ele jogou o corpo mole dela no chão.
Ela quer morrer, mas não pode evitar!
"Milla Andini, você acha que a morte pode escapar dos seus crimes?"
"Você, não tente escapar!"
O oxigênio voltou pro corpo de novo. A Milla Andini curvou o corpo e tossiu com dificuldade. A garganta machucada tava tipo um ferro quente, ardendo e doendo.
O Anthony Sinisuka fingiu que nem viu a dor dela. Como sempre, ele se agachou na frente da lápide da Vita Marisa e falou com ela baixinho.
"Vita Marisa, você não gostava que eu chegasse perto de outras mulheres? Por que você não aparece pra me parar? Por quê?"
Por quê?
A Mila Andini sorriu sem falar nada e as lágrimas saíram.
Quando elas tavam na faculdade, elas eram muito próximas, mas por que a Vita Marisa nunca entrou no sonho dela depois que morreu?
Talvez seja porque depois da morte dela, a Vita Marisa finalmente soube do amor dela pelo Anthony Sinisuka...
Igual o Anthony Sinisuka, que casou com ela depois de saber do amor dela por ele.
Só que ele odiava ela.