ELEANOR
Ainda tava mó galera fofocando quando o Sr. Paulo me puxou pra trás do palco pra me preparar pra ser entregue pro meu novo dono, dava pra ver a ansiedade dele pra fechar o negócio e me vender. Afinal, quanto mais caro me comprassem, mais grana ele fazia.
Paulo era um gordo inacreditavelmente ganancioso que só ligava pra quanto ia pro bolso dele.
"Arrume suas coisas rápido, enquanto eu pego os papéis pra você assinar. É bom que você termine antes de eu voltar!" Ele falou, me deixando no camarim.
De dentro do camarim, dava pra ouvir o resto do leilão rolando, mas meus pensamentos tavam todos embaçados com o que tava por vir. Quem era esse Armando que botou a galera toda pra tremer só de ouvir a voz dele?
"Olha a nossa sortuda! Ouvi dizer que te compraram por uma grana alta," Camilla, uma das mais velhas no ramo, falou assim que entrou com umas outras iguais a ela. "E por cinquenta milhões, pra ser exata!" Ela continuou.
Camilla e a panelinha dela eram as mais antigas nesse jogo. Não ia ter erro se eu dissesse que todas elas já tinham sido compradas por todos os homens que frequentavam essa cerimônia de leilão, elas eram muito soltas e abertas pra qualquer coisa.
"Quem diria?" Ese, a mão direita da Camilla, entrou na conversa e aí elas começaram a rir, com a Camilla me avaliando irritada da cabeça aos pés.
"Só se prepara pra ser fodida como uma vagabunda que você é, ele pagou cinquenta milhões pelo que você tem entre as pernas," Ese continuou.
"Ah, não! E por favor, nunca mais use essa palavra comigo, tá me ouvindo?" Eu berrei. Como a Ese ousa?
"Ah, che angelo! Você realmente acha que o Sr. Armando pagou cinquenta milhões pra te ter porque você é especial? Acorda pra vida, garota!" Camilla interrompeu. "Armando é um predador que faria de tudo pra conseguir o que quer, todo mundo sabe disso. Ninguém aqui é especial, vagabunda."
Senti minhas mãos virarem punhos, não tava mais aguentando, mas a Camilla percebendo isso, continuou forçando.
"Só ele pode dizer o que viu em você pra pagar uma grana tão alta, mas pode confiar, ele vai querer de volta." Ela continuou, dessa vez fazendo gestos sensuais, enquanto um sorriso maligno aparecia no rosto dela.
Uma garota chamada Eliza, que também fazia parte delas, entrou na conversa quase que imediatamente. "Tenho certeza que ele vai tirar o melhor dela, afinal, é por um ano e todos sabemos que quanto mais eles pagam, mais esperam receber. Ele definitivamente vai querer cinquenta milhões de dólares em pu—"
"Cala a boca!" Eu interrompi a Eliza, dando um tapa que fez ela botar a mão na bochecha por uns segundos, enquanto eu me virava pra encarar a Camilla.
"Só porque você se entrega fácil pra esses homens não significa que todo mundo faz o mesmo, então, por favor, nunca mais me chame de vagabunda. Você pode se entregar pra eles por uma merreca ou até de graça, eu não tô nem aí, mas nunca mais na sua vida use essa linguagem comigo" Eu avisei, com nojo das palavras da Camilla aparecendo numa carranca.
"Quem você pensa que é?!" Camilla gritou, tentando me dar um tapa, mas o Sr. Paulo parou a mão dela no ar.
"Que porra tá acontecendo aqui?" Paulo perguntou, a voz dele mostrando toda a raiva. "O que todas vocês estão fazendo aqui de uma vez? Eu não mandei o resto de vocês ficarem lá fora?"
"E você! Achei que te falei pra estar pronta antes de eu voltar aqui? Ou eu falei em latim?" Ele se virou pra mim dessa vez. "Vem pra cá e assina esses papéis antes que levem pro seu dono! Vocês, garotas, só dão problema. Às vezes, eu só queria—"
"Queria o quê, exatamente, Paulo?" Camilla interrompeu antes que ele pudesse terminar a frase, "Nos deixar na rua? Ah, por favor," ela zombou, "todos nós sabemos que você precisa de nós aqui tanto quanto nós precisamos de você. Se não, quem vai fazer a grana pra você encher os bolsos, seu porco ganancioso?" Ela falou, encarando os olhos fumegantes de Paulo, botando no ambiente o que parecia um silêncio infinito.
Camilla era a única pra quem Paulo dava liberdade por ali. Às vezes, ele ia tão longe que defendia ela sempre que ela brigava com as outras colegas, e por mais que eu sempre evitasse cruzar o caminho dela, ela tinha passado dos limites comigo hoje e eu não ia deixar passar.
"Agora, todas vocês saiam daqui antes que eu perca a paciência! E, Camilla, vê como você fala comigo antes que eu corte sua língua! Saiam imediatamente!" Paulo gritou na hora, parecendo já puto demais pra se controlar por mais tempo.
"E você, assina esses malditos papéis!"
Meu corpo inteiro tremeu quando peguei a caneta pra assinar os papéis, enquanto o Paulo me observava de perto. Essa ia ser minha vida agora?
"Assina aqui, aqui e aqui," ele apontou, e eu botei a caneta no papel na hora, não querendo irritá-lo mais do que ele já estava.
"Bom." Paulo falou, enquanto sua carranca lentamente virava um sorriso ganancioso. "Agora, você segue ele e ele vai te levar pro seu novo dono, eu tenho outros negócios importantes pra resolver." Ele falou, apontando com as costas pra pessoa bem atrás dele.
Olhei pra cima e vi uma figura alta e musculosa com uma aparência intimidadora atrás do Paulo, seu olhar severo espalhou uma onda de desconforto por mim.
Ele usava um smoking preto com um casaco longo preto pra combinar, um par de luvas de couro pretas, uma máscara, e parecia ter uma arma nos bolsos.
"Me siga," ele ordenou em um tom severo que não parecia aceitar nenhum tipo de atraso.
"S—Sim, eu já vou..."
"Eu quis dizer agora! Quando o Sr. Armando precisa de você, você não o faz esperar" ele ordenou de novo, mandando vários calafrios pela minha espinha.
"Eleanor, vai com ele agora!" Paulo entrou na conversa gritando, não se importando com o quão desorganizada eu parecia estar.
Corri atrás do guarda, saindo do quarto com pressa. Algumas das minhas coisas caíram da minha bolsa, mas eu não tive tempo de parar pra pegar. E pronto, eu ia encarar o homem que agora era meu dono.