O lugar era *exquisite*, brilhante de ver e as pessoas estavam lá dançando com a cabeça nas nuvens. Eu conseguia ver que todo mundo estava bebendo ali! Nos copos vermelhos, eu estava ocupada limpando o chão.
Ocupada porque eu trabalho aqui e não tenho nada pra fazer além de botar o trabalho em dia! Limpar a merda deles até ficar tudo preto.
A escuridão estava transformando a sala toda em outra coisa, esse lugar tem uma mistura de emoções que eu não conseguia entender na minha vida.
Tava todo mundo dançando ali, balançando o corpo no ritmo da música, até que eu senti uma mão na minha cintura.
"Por que tão sozinha, garota? Vem comigo?"
"Aqui, deixa eu te dar uma chance!"
As mãos imundas deles estavam perto demais pra tocar no meu corpo e eu, na mesma hora, dei um chega pra lá!
Dei um chega pra lá porque eu tava com medo do que eles iam fazer comigo!
Daí, do nada, um deles derramou o conteúdo do copo na minha blusa.
Ficou tudo frio, a blusa devia ter grudado na minha pele, eu não tava me sentindo bem, meu coração tava hiperventilando demais, aí eu desabei no chão.
***
"Ashley, abre os olhos, porra!" Eu ouvi a voz da Serena tão perto do meu ouvido, ela devia estar esperando eu acordar há muito tempo. Dava pra sentir a impaciência na voz dela.
Mas, quando eu tentei abrir os olhos, minha cabeça começou a doer demais, meu corpo todo tava queimando como o inferno e nada tava bom.
"Você tá bem, Ashley?" Ela me perguntou com a voz cheia de dúvida.
Sendo que quase fui abusada, eu tô bem.
"Sim, tô bem!" Eu desviei o olhar.
"Sabe, você devia pedir demissão daqui!" Ela me sugeriu, olhando pra minha cara, pra minha figura. Uau! Eu devia estar parecendo um fantasma.
"Como eu vou fazer isso? Quem vai alimentar minha família, me diz? Você sabe que eu não tenho ninguém!"
Sim, eu moro com minha irmã e com a minha Mãe sozinha na casa alugada e nem me pergunta o que aconteceu com o meu Pai? Ele simplesmente nos abandonou por outra Mulher, sem pensar no que ia acontecer com a esposa dele ou com as filhas dele! Ou como elas iam sobreviver!
"Você pode trabalhar na lanchonete, tenho contatos lá!" Ela sugeriu, olhando pra mim, pra minha figura frágil. Eu devia estar parecendo um macaco sem rumo.
Minha blusa não tava limpa, tava com manchas de bebida. Minhas calças estavam sujas e meu cabelo? Tava bagunçado, como se eu fosse louca.
Quando ela viu minha cara, ela me puxou pra um abraço apertado, até eu esquecer como respirar.
Quando eu fui pra minha casa, tava tudo coberto de escuridão, só a pouca luz tava iluminando a casa onde a gente mora.
Minha irmã tava na faculdade. Ela ainda não terminou os estudos, e minha Mãe trabalha nas casas dos outros, ela é empregada doméstica.
Ela tava em casa naquele momento que eu entrei e, quando ela viu minha imagem, começou a chorar, os olhos dela estavam cheios de emoções humanas que eu não conseguia explicar. E o que eu devia dizer pra ela? Como eu acabei assim?
Eu nem consigo voltar a estudar porque, se eu voltar, quem vai arcar com os custos? Então eu enxuguei as lágrimas dela que estavam escorrendo na pele dela, quase morta.
Já era meia-noite. Eu lembrei da oferta que a Serena sugeriu. Talvez eu devesse ir lá pra lanchonete. Ia ser uma ótima ideia trabalhar lá. Mas, eu sei que tá difícil conseguir um emprego hoje em dia, mas eu tenho que fazer isso pela minha família, e, com determinação, eu voltei a dormir.
Na manhã seguinte, quando o tempo tava bom, eu acordei e juntei todos os meus pensamentos sobre o meu novo emprego, arrumei minhas roupas, tava vestindo uma blusa com uma saia. Depois de lutar com meus pensamentos hesitantes, me arrumei a tempo e corri pra encontrar um ônibus.
Quando as pessoas ao meu redor estavam dirigindo carros chiques que eu nunca tinha visto na minha vida, e aqui estava eu, lutando pra encontrar um ônibus a tempo.
Por sorte, eu consegui um. Me deixou na minha estação em meia hora. A cidade de Nova York sempre foi agitada como um furacão, com tantas vozes. O tempo nunca pode parar aqui, sempre corre na nossa frente, em tudo, e, se a gente tiver sorte, vai vencer o ciclo do tempo um dia.
Quando eu vi a lanchonete, tava bem estabelecida com seu toque vintage e elegante, espero conseguir um emprego aqui, eu rezei pra Deus.
Quando eu entrei, o sino tocou, alertando todo mundo que uma pessoa em existência humana chegou aqui. Tantas garotas estavam trabalhando vestindo os mesmos vestidos. Camisa branca, saia preta com avental. Passei meus olhos no interior. Era um dos interiores ricos, e eu engoli em seco, engoli em seco no pensamento se eu ia conseguir ou não! Engoli em seco no pensamento, e se eu não conseguir, como vou alimentar minha família?
Eu tava perdida nos meus pensamentos, completamente presa no meu mundo, quando ouvi alguém chamar meu nome, "Ashley Brooke", e eu levantei a mão no ar como uma garotinha.
Tinha duas garotas do outro lado da mesa que me olharam e depois fizeram uma cara que dizia que elas estavam enojadas com a minha roupa ou existência, o que você quiser chamar.
Até que eu senti uma mão no meu ombro, "Aqui, eu sou a Amelia! Me siga",
Aquela garota não zombou de mim e não me olhou como se eu fosse um pedaço de sujeira, em vez disso, ela me direcionou a segui-la pra dentro da sala, onde o dono da lanchonete estava sentado carregando sua figura volumosa no sofá grande.
"Então, você é a Ashley, certo?" O tom dele era alto, quase me fez pular do lugar, mas não tive escolha, então fiquei grudada no lugar.
"Sim", eu quase sussurrei, enquanto mexia nas minhas mãos.
Por um longo momento, ele me olhou, olho no olho. Então ele riu com sua barba grande que tava chegando na barriga.
"Relaxe! Você tá contratada, a Amelia vai te guiar sobre seu trabalho", ele disse e saiu pra outra sala.
Eu não consegui entender o que acabou de acontecer? Eu tava pensando que ele ia fazer umas perguntas sérias e até fazer uns testes, mas ele só disse que eu tava contratada. Eu queria abraçá-lo e dançar um pouco com essa alegria. Mas eu parei esse pensamento completamente quando eu vi outras garotas no caminho pra vir pra cá.
E, pelo resto do dia, a Amelia me contou como fazer o trabalho aqui, quando e como pegar os pedidos, sempre ser educada, mesmo que alguém tente te insultar, porque a gente não tem dinheiro e eles têm dinheiro, então podem fazer tudo com ele. E, naquele momento, eu odiei todas as pessoas ricas da cidade, ou até do mundo!
Ela também me ensinou a fazer café, sanduíches e tudo mais, não vai ser minha obrigação fazer todos os itens, mas ela me ensinou só em caso de emergência. Ela também me avisou pra ficar longe daquelas garotas que estavam zombando de mim e, claro, ficar longe de todos os estranhos que vêm aqui pra encontrar uma garota pra ficar. O que me deixou enojada com a ideia!
Daí, ela me contou sobre uma das garotas que costumava trabalhar aqui, como ela caiu na armadilha de um garoto, um garoto bilionário que se aproveitou dela e essa garota não é encontrada em lugar nenhum.
A ideia disso me fez tremer da cabeça aos pés, e, naquele momento, eu fiz a promessa da minha vida! Eu, Ashley Brooke, nunca vou me meter com nenhum Bilionário.