POV da Mariline
A atmosfera tava tensa. Eu tava perdida. Onde tava minha família? Como eu fui parar nesse lugar todo fudido? Eu sou a Mariline Grunch, uma adolescente *nerd* que só liga pra livros, pra minha melhor amiga e pra minha família. Minha família vem de um mundo de fantasia que os humanos não conhecem, mas, infelizmente pra gente, a gente não fica lá. Meus irmãos e eu fomos criados no mundo humano. Como nossa família tá ligada ao Lord Valix, o último Elimen, a gente é uma vergonha pra todo mundo em Harz. Pra piorar, eu ainda não consegui uma habilidade mágica boa. Vapor! Que porra eu ia fazer com vapor? Esquentar carne? Até meu irmão, que é um cuzão, tem poder de fogo! Nenhum garoto olha pra mim com tesão ou amor porque eu não sou atraente. Bem, talvez meus olhos verdes sejam uma exceção. Tô tentando lembrar como eu cheguei aqui. A única coisa que eu lembro é de entrar no meu quarto e sentar na cama pra estudar. Minha vida tá muito estranha, tipo como se eu tivesse transmigrado. Não sei como eu apareci nessa floresta horrível, mas alguma coisa tava me perseguindo. Eu corri mais rápido pelas árvores altas. A cada passo, eu sentia o batimento cardíaco da terra e ouvia vozes me chamando por um nome que eu nunca esperava.
"Elimen" "Elimen". Que porra tava acontecendo? Parecia certo, mas eu não sentia que era certo. Olhei pra trás e só vi uma sombra misteriosa chegando perto. O horror que eu senti na hora me fez gritar.
"Fiquem longe de mim!!!"
"Fiquem longe de mim, porra. Socorro. Não!...." Gritei mais alto. De repente, eu escorreguei e caí num lago. Ou era um poço? Sei lá, mas o que eu sei é que tava me afogando. Que inferno, eu sabia que ia morrer. A escuridão de repente tomou conta de mim por um segundo, e quando abri os olhos, vi minha irmã com um jarro de água, com um sorriso debochado pra mim. Assim que ela viu minha cara, começou a rir. O que que tinha de engraçado? Eu acabei de passar por um filme de terror e essa é a cena que eu acordo. Que merda!!
"Mari, meu Deus. Como você consegue dormir agora? Nossa", disse minha irmã mais velha, Adrenia, rindo.
"Seja humana, vai? Eu acabei de passar pelo inferno e quase morri", falei com raiva, arfando. Adrenia parou e me olhou com mais choque ainda, antes de rir ainda mais do que antes.
"O que é engraçado?" perguntei pra ela, emburrada, cruzando os braços.
"Primeiro, eu não posso ser humana porque não sou uma. Segundo, você tava tendo um sonho idiota", respondeu Adrenia, com um tom de deboche. Eu fiquei em choque por um segundo antes de bater a mão na testa. Ufa, era só um sonho. Então, como eu dormi? Porque agora que eu tô acordada, lembro de ter chegado em casa da escola ontem e ir direto pro quarto. Peguei meu livro pra estudar e, provavelmente, dormi sem querer. Eu amo estudar, mas às vezes dá vontade de voltar no tempo e matar quem inventou isso.
"Ei, *loser*! Sonhou em botar vapor na casa toda pra mãe e o pai te botarem pra fora?" Essa garota tava me dando nos nervos agora. A Adrenia sabia como falar sobre meus poderes me provocava e, mesmo assim, todo dia, a cada segundo, era só sobre isso que ela falava. Eu tinha que responder pra ela na hora, mas o que ia ser?
"Não, mas sonhei em te jogar de um penhasco e também sonhei que me chamavam de Elimen."
Tampei a boca rápido com as mãos. Merda! MERDA! Eu tinha esquecido totalmente como Elimen era importante. Ser Elimen significava ser a maga mais poderosa da história, e eu contei esse sonho pra minha irmã. Ela ia rir de mim enquanto se acabava de chorar, sabendo do poder patético que eu tenho. Saindo dos meus pensamentos, vi a Adrenia pensativa.
"O que mais você viu?" ela me perguntou.
"Hã?", foi tudo que eu consegui dizer. Era só um sonho. Tipo, eu já tive vários sonhos de pegação, onde eu tava com o Caleb, o gato da escola, e ele nem sabe que eu existo. Tipo, isso não é justo.
"Adrenia, sai do meu quarto. Preciso me arrumar pra escola", ela ainda tava com aquela cara de pensativa por um minuto, mas sumiu e foi substituída por um sorriso provocador.
"Não se vista e me envergonhe, Mari. Se vista pra ficar gata, já que eu que vou levar você e o seu irmão, que é um babaca, no meu carro", revirei os olhos e vi ela saindo, com a passarela mais irritante de todas. Meus pés correram pro banheiro pra tomar banho e vesti uma calça jeans azul com uma blusa branca e verde. Passei um perfume caro que, mais uma vez, eu sabia que ninguém ia sentir o cheiro por causa da minha invisibilidade. Saí do quarto e fui pra cozinha pegar um café e meu bolo de chocolate favorito e engoli rápido.
"Mari, sua filha da puta, onde você tá?", Carmalo, meu irmão babaca, gritou de fora. Ah, nossa! Que maravilha! Merda! Por que eu fui abençoada com irmãos tão horríveis? Corri pra porta, quando um vento forte me parou. Lá estava de novo! Aquela voz esquisita do meu sonho. Por que diabos ela tava sendo ouvida agora, que eu tava acordada?
"Elimen, Elimen", dizia com ousadia. Usei as duas mãos pra tapar os ouvidos, esperando que fosse só uma alucinação idiota. Infelizmente pra mim, o vento forte se intensificou e soprou mais forte no meu rosto. Essa merda tava entrando no meu nariz.
"O que tá acontecendo comigo?", gritei e sentei no chão. Mesmo assim, eu sofri muito. Me curvar em um vento tão forte significava lutar com a bunda contra ele. Parecia que eu tava ficando louca. Sério!! Ouvir vozes na sua cabeça te transforma em louca, e a voz ficava falando Elimen, pior ainda. Quem quer que fosse, eu sentia que tava me chamando, mas meu coração se recusava a responder. Preferi concluir que eu tava sendo caçada por um fantasma. Talvez ele quisesse me usar como sacrifício. Não tinha ideia de que tava chorando, com as mãos agarradas nas minhas pernas. As coisas pioraram quando comecei a ver imagens de um velho de branco segurando um livro. Não quero entrar numa seita! A cara dele não tava clara, mas eu ouvi claramente ele dizer:
"É hora. Levante-se e reivindique seu poder! Acorde e seja inteiro". Meus olhos fecharam imediatamente, e meu corpo de repente sentiu calor, frio, minha respiração ficou curta, fiquei rígida, e também senti uma corrente elétrica passando pelas minhas veias. Sangue e todo tipo de espíritos me seguraram quando meus olhos se abriram. Todas as figuras na minha frente estavam vermelhas, embora eu soubesse que eram minha família. Eu conseguia sentir que eles pareciam estar em choque, a julgar por como ficaram parados, me olhando.
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