| Mudando-se |
"BECCA!"
"Mais cinco minutos, mãe." Ela tem me chamado umas dez vezes. Ainda não terminei de empacotar todas as minhas coisas.
Estou me mudando hoje porque a faculdade está tremendo. Ganhei uma bolsa de estudos de uma universidade prestigiosa da cidade. Bem, eu meio que não esperava que ganhasse uma. Mas a mãe disse que eu merecia. Além disso, me formei no ensino médio com boas notas.
A escola tem dormitórios para estudantes, como eu vi nos filmes. Bem, afinal, é uma escola para pessoas de elite.
Fiquei pasma quando a porta se abriu. "Mãe!... você não sabe bater? Nossa, você me assustou até a morte."
Coloquei o último lote do meu pijama dentro da minha mala de viagem.
"Ah, desculpa por isso. Bem, como você pode ver", ela apontou para o relógio de pulso, "o tempo está passando, você não deveria se atrasar no seu primeiro dia na Chanter University", ela disse.
"Não estou nem um pouco interessada nisso. Porque estou cem por cento certa de que vou sentir falta de todos vocês.", eu disse e fechei a minha mala. Pronto.
"Ah, não se preocupe com a gente, nós vamos ficar bem. Apenas aproveite seus dias de faculdade, querida."
"Uau, fácil para você dizer, mãe. Ter saudades de casa não é fácil."
Minha mãe se aproximou de mim. Ela pegou minha mão e apertou suavemente. "Você é uma garota corajosa e durona. Sei que vai se acostumar. Além disso, Reina está com você."
"Mas Reina e eu, não temos o mesmo curso. Temos horários diferentes."
"Vamos, querida. Você não é mais uma criança. Não seja tão dramática. Eu odeio isso", disse minha mãe.
Eu ri. "Mas, honestamente, vou sentir falta de você, mãe, de seus pratos, de preferência."
"Engraçadinha." Ela beliscou minhas bochechas.
"Mãe..." Afastei o rosto dela. Massageei minhas bochechas. Droga, dói.
"Ah, como eu amava suas bochechas fofinhas", ela disse. "Mas eu quero dizer, você deveria diminuir um pouco a gordura, querida. Muita gordura na barriga é muito irritante para alguns idiotas bonitos."
Sim, tenho bochechas fofinhas porque sou uma garota gordinha e bonita e é por causa dela e de seus pratos caseiros. "Tipo, duh, mãe, não estou entrando na faculdade para ter um namorado."
"Sério? Você não apresentou nenhum desde então, acho que desta vez é o perfeito", ela disse e zombou.
"O quê? Não deveria ser acadêmico primeiro antes dos garotos?"
Por que eu deveria arranjar um namorado se ainda não terminei a faculdade?
Mãe se levantou. "Estou apenas avaliando você, querida. Claro, deveria ser a escola primeiro antes dos garotos, mas, se acontecer, já estou permitindo que você tenha um. Contanto que você o use como sua motivação e estabeleça alguns limites. Você não está ficando mais jovem, de qualquer forma. Então, você tem que tentar."
"Mãe, não tenho planos. Se eu quisesse ter um, deveria ter feito isso antes. Tenho tantos sonhos e ter um namorado não é um deles."
Minha mãe riu. "Você tem certeza de que não gostaria de ter ou experimentar ter um namorado?"
Revirei os olhos. "Não. Desta vez não." Puxei minha mala de viagem. "Vamos."
Mãe ainda estava rindo até chegarmos no andar de baixo e o pai estava ocupado lendo um jornal no sofá. "Rudolf, por favor, dê alguns conselhos para nossa filha sobre como ter um namorado incrível, como você me conquistou naquela época", disse a mãe e sentou-se ao lado do pai.
"Mãe..." Eu avisei.
Ela ainda está rindo. "Eu te disse, ainda não tenho planos. E se eu engravidar e não terminar a faculdade?"
"Ah, você e seus pensamentos bobos, querida. Você não vai engravidar, a menos que entregue seu v-card. Ter um namorado não significa que você deva engravidar. É só que, pode te inspirar", disse a mãe.
"Inspiração? Ou distração? Pare com essa coisa de namorado, mãe. Não vou ter um até que eu me forme ou tenha um ótimo emprego, talvez."
"Meninas, meninas, meninas, parem com isso", disse o pai. "Loida, não force nossa filha—"
Eu o interrompi. "Com licença, pai. Eu não sou mais um bebê."
"Ah, foi mal. Desculpe por isso. Querida, não force nossa moça", ele enfatiza a palavra moça, "a ter um namorado. Ela deve se concentrar nos estudos—"
"Exatamente. É isso que estou dizendo, pai", eu interrompi.
"Tudo bem, tudo bem. Eu me rendo. Apenas estude bem, mas não estude muito, querida, ok?" disse a mãe em derrota. Rindo muito.
Eu balancei a cabeça.
"Você está pronta?" pai perguntou.
"Sim."
Ele colocou o jornal sobre a mesa. "Então, vamos?" ele disse enquanto se levantava.
Eu sorri e balancei a cabeça.